RUDERAL 2024 - A FINA FLOR DO ENTULHO
Texto e fotos por João Abel Oliveira
Foi um bom dia, lá em cima no Pinheiro. O tempo via-se meio farrusco mas as batidas estavam bem animadas. Um belo certame de cultura urbana no pavilhão do Pinheiro: graffiti, skate e uma entourage de Dj’s e Mc’s para passar umas modas das boas.
Ruderal por Incógnito
Não sei quem escolheu o nome para esta exposição urbana, mas merece os meus parabéns. Ruderal é sinónimo de uma planta que pela sua robustez cresce entre escombros e pedra, podemos chamar-lhe “a fina flor do entulho”. Nada podia fazer mais sentido num panorama cultural que muitas vezes é terreno árido e desilude quem vive para a sua arte.
Cucofyah a abrir as hostilidades
À chegada, o reggae descontraído e brincalhão do Cucofyah já se fazia ouvir no Sound System dos Mystic Fyah. No ar pairava aquele cheiro a latas de spray. Dois graffiters, Send Machado e Incógnito, a fazerem uma demonstração e também uma tela para os mais curiosos experimentarem e deixarem os seus tags.
Para além do reggae, havia outro som se ouvia no pavilhão: rodas de skates conduzidos por miúdos e graúdos, que iam sacando os seus truques para toda a gente ver. Com a cooperação da Associação de Skate de Tomar, improvisou-se um lancil, uma meia rampa e umas barreiras e está a festa armada. Sempre muita atenção por parte dos graúdos para não chocarem ou atropelarem os pequenotes que estavam a experimentar os skates.







Muita coisa a acontecer mas nem por isso o ritmo abranda, e num ápice salta do banco Medi Sound Station para nos brindar com um pouco do seu Dub tranquilo, a servir de banda sonora ao povo todo que ia espreitando as várias barraquinhas espalhadas pelo recinto. Via-se um pouco de tudo, desde flash tattoos à cerâmica, passando pela comida vegan e a barraquinha do CBD.
Medi Sound Station
Entre umas jolas e uns “cigarros” a tarde vai passando e a meia borranha caindo, o que não afectou o espírito festivo da malta. Antes do cair da noite ainda houve tempo para rodar uns clássicos, o Rupah Roots traz-nos sempre surpresas nas suas caixas de pinhas cheias de vinis.
Rupah Roots a rodar uns clássicos
Com a noite chega também o momento para a primeira banda da noite entrar em palco. E diga-se, estava com boa pinta! Uma baliza, luzes led, dois latões e uma tábua - chega e sobra quando a malta é criativa.
Tudo isto para receber Cora: uma voz e dois Dj’s que nos fazem viajar nas palavras e ficar vidrados com a sua presença.



A hora de jantar aproxima-se, a barriga aperta e lá fora estacionada está uma carrinha da Pizza Box, que surpreendeu tudo e todos com aquelas pizzas de alta qualidade.
A barriga estava a ser tratada quando os amigos Banskank Sound vêm todos animados passar uns sonszaços bem conhecidos da cultura reggae, fazendo a malta sentir-se em casa.
Banskank Sound a representar com o apoio da sandocha de pernil à la Ruderal
A noite avança e a casa começa a encher para ver um filho da terra e uma promessa do Hip Hop tuga, Lopez de seu nome. Apresentou rimas bem pesadas na companhia do seu bro.



Com muita pena nossa, valores mais altos se levantaram e tivemos que fazer uma retirada estratégica e não conseguimos ver L-Ali e Mystic Fyah, o que nos deixou bem tristes. Quem lá esteve até ao fim ficou maravilhado com a potência dos Mystic Fyah e o seu Sound System.


Parabéns à Albardeira Associação Cultural por mais um evento local de alta qualidade. Fico muito feliz por ver estes nichos culturais terem oportunidade e destaque numa zona como Ourém que outrora parecia destinada apenas aos eventos do costume. Grande dia! Espero que mais existam e estaremos por cá para continuar a apoiar estas iniciativas boa onda!
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